Bailarina, coreógrafa, investigadora, professora, há mais de 30 anos. Formada por Margarida de Abreu, passando por diversos professores nacionais e internacionais – destaca estadias em França, Itália, Holanda, Espanha, Alemanha -. Formada pela Escola de Dança do Conservatório Nacional, Licenciada e Mestrada na ESD, onde estruturou e validou a Metodologia Movimento Amalgama. Colaborou como coreógrafa e bailarina, em arte contemporânea, cinema, ópera e televisão. É co-fundadora e diretora da Amalgama Cia de Dança e responsável por todos os seus projetos e parcerias nacionais e internacionais nas áreas da Criação e Formação Artística e Desenvolvimento Comunitário e Pessoal. Foi homenageada como um dos percursos significativos de Dança em Portugal (2009). Foi convidada pelo Instituto Cultural de Macau como diretora artística de vários projetos locais com diversas participações em Festivais em Macau, Hong kong, Taiwan, Miami (2011-19). Criadora da Plataforma UNITYGATE – Pontes e Intercâmbios culturais Oriente Ocidente. Convidada para o Festival Laois Dance Platform, Irlanda, e ser a sua representação em Portugal (2018-21). Criou e estruturou a metodologia DanceFulness Amalgama e iniciou as primeiras formações (2018). Co criadora da Terra da Fonte – Arte Center em espaço rural (2020-25) Mafra. Foi professora convidada da Universidade de São José em Macau (2017-23).
Este artigo é um testemunho e reflexão sobre a prática da Dança Ecologia ao longo de um percurso artístico de 24 anos em imersão na Natureza. A prática da Dança-ecologia consubstanciou-se numa pesquisa, investigação e busca de uma metodologia de dança eco humana, em ressonância mais orgânica e visceral, com apuramento dos sentidos, e um despojamento na direção da sabedoria da simplicidade. Assim, aprofundamos a exploração de um corpo-natura, na integração da ecologia profunda, na compreensão da pertença, no resgate da unidade numa arte integral de corpo — um ser inteiro. No contexto da Amalgama Companhia de Dança, uma estrutura profissional, nacional e independente, como diretora, coreógrafa e bailarina, partilho a minha experiência profissional relacionada às práticas de Dança Ecologia tanto em território nacional como internacional. Para tanto relaciono práticas e metodologias, consciência, corpo e criação, novos paradigmas emergentes e urgentes para o novo século. Precisamos de aproximar-nos de práticas naturais, genuínas e intuitivas, despidas de conceitos e formatações, mas geradas a partir de lugares do corpo — orgânicos, viscerais, sensitivos e vibracionais—, resgatando a inteligência multidimensional do corpo. São lugares de conexão que vão desenvolvendo métodos profissionais relacionando os componentes do movimento (ações), sensação, sentimento e pensamento. Tudo sob tónicas que não devem perder a espontaneidade e a organicidade da condição humana e do meio onde se inserem e fazem parte. Em suma, sempre buscámos uma expressão artística que seja autêntica e plena, com consciência cinestésica e sinestésica, propriocetiva e interocetiva, que sintonize presença, perceção e conexão. A inteireza do Ser implica o resgate da unidade eco-humana, nas suas dimensões macro e micro, num espaço onde ciência, ecologia, arte, natureza, humanidade e espiritualidade se cruzam. Não obstante, estamos conscientes da abrangência desta área recente, emergente e vital na Dança, bem como dos seus múltiplos posicionamentos que se vão identificando.
Referências
Aposhyan, S. (1999). Natural intelligence: Body-mind integration and human development. Williams & Wilkins.
Boff, L. (2012). Cuidado necessário: Na vida, na saúde, na educação, na ecologia, na ética e na espiritualidade. Vozes.