Doutorando em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Artes Cênicas pelo mesmo Programa e Instituição. Licenciado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ator, dramaturgo, dançarino e artista circense com especialidade em malabarismo e clown. Atualmente, é professor de Teatro na Escola SESI de Ensino Médio - Pelotas/RS. Integra, sob orientação do Prof. Dr. Clóvis Dias Massa, o Grupo de Pesquisa Teoria Teatral: História, Dramaturgia e Estética do Espetáculo, vinculado ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde atua nos cursos de Teatro do Departamento de Arte Dramática e no Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas. Doutor em Teoria da Literatura pela PUCRS. Mestre pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Graduado em Artes Cênicas: Hab. em Interpretação Teatral pela UFRGS. Pesquisador acadêmico no campo da dramaturgia e da história do teatro, da teatralidade, da poética e da estética teatrais. Integrante do Grupo de Pesquisa Teoria Teatral: História, Dramaturgia e Estética do Espetáculo, vinculado ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Este artigo centra-se na questão da autoria na dramaturgia documentária, investigando de que forma os projetos teatrais baseados em testemunhos reais desafiam o modelo tradicional de autoria. Partindo de uma breve contextualização teórica, que relaciona a noção de dramaturgia segundo teóricos como Pavis (1999) e Danan (2006, 2010a, 2010b), e o caráter híbrido das produções contemporâneas, o estudo foca sobretudo nas práticas colaborativas que emergem no teatro documentário e caracterizam a dramaturgia contemporânea. Por meio da análise do espetáculo C’est la vie [É a vida] (2017), de Mohamed El Khatib, o texto demonstra como a participação ativa do ator Daniel Kenigsberg no partilhar de relatos pessoais leva-o a reivindicar coautoria formal da obra. Este caso expõe tensões centrais: a ambiguidade quanto à propriedade intelectual dos depoimentos e à produção artística da obra, e a eventual necessidade de um acordo prévio que defina claramente papéis e créditos. O artigo argumenta que, em dramaturgias documentárias e testemunhais, nas quais atores ou ‘experts’ contribuem com os seus materiais de vida, a autoria pode distribuir-se por múltiplas camadas de responsabilidade, tensionando a ideia de um único criador. Essa dissolução das fronteiras entre realidade e ficção exige novas convenções legais e éticas para reconhecer todas as vozes envolvidas no processo criativo. Conclui-se que a dramaturgia documentária demanda um redesenho dos conceitos de autoria, incorporando formas de coautoria que reflitam a colaboração intrínseca a estes projetos e assegurem o devido reconhecimento a todos os participantes, dada a complexidade desta forma de fazer e pensar a dramaturgia.
Referências
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