Doutorado em Motricidade Humana – especialização em Dança pela Faculdade de Motricidade Humana – Universidade de Lisboa, com bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia (2014; Mestre em Psicopedagogia Perceptiva pela UML-Lisboa (2007; Licenciado em Estudos Teatrais pela Université Paris 8 - Saint-Denis (2001). É investigador integrado do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md) – grupo de investigação em estudos de dança sediado na FMH. Entre 2003 e 2010, fez parte da direção artística do Teatro O Bando na área da corporalidade, colaborando nas criações cénicas da companhia. Desde 2008, tem encenado óperas de F.A. de Almeida, Pergolesi, Destouches, Purcell, Benjamin, Myslivicek, Cordeiro da Silva e Joly Braga Santos para o Centro Cultural de Belém, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Orquestra Metropolitana de Lisboa e o Teatro Nacional São Carlos. É Professor da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa, onde desempenha atualmente as funções de Diretor do Departamento de Teatro (Texto informado pelo autor).
Professora Titular e pesquisadora vinculada ao Departamento de Arte Dramática (DAD) e Docente Permanente do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC) do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é responsável por disciplinas que envolvem temáticas como teatro, ensino, jogo simbólico, jogo teatral, jogo dramático, metodologia do ensino do teatro e as relações entre memória, narrativa e conhecimento em Artes Cênicas; e orienta Teses e Dissertações na Linha de Pesquisa Linguagem, Recepção e Conhecimento em Artes Cênicas. Coordena a investigação intitulada "Docência em Artes Cênicas: formação experiencial, narrativas de si e construção de conhecimento" e lidera as atividades do Grupo de Estudos em Teatro e Educação – GESTE/CNPq. É Doutora e Mestre em Educação pela UFRGS, Licenciada em Educação Artística com Habilitação em Artes e Bacharel em Artes Cênicas com Habilitação em Artes Cênicas, ambos pela UFRGS. Foi contemplada com o Prêmio CAPES de Teses, Edição 2022, como orientadora da Tese intitulada "Docência em Teatro no Colégio de Aplicação da UFRGS (1954-1966): memórias emprestadas para uma narrativa sobre as bases de um projeto pedagógico", de William Fernandes Molina; e recebeu Menção Honrosa pelo Prêmio CAPES, Edição 2019, como orientadora da Tese intitulada "Nós, professoras de Dança: ensaio documental sobre a docência em Dança no Rio Grande do Sul", de Josiane Gisela Franken Corrêa. Em 2024, na condição de Bolsista CAPES/PRINT/PVE Sênior, realizou intercâmbio acadêmico junto ao Curso de Dança da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa (Portugal). Possui experiência profissional na área de Artes, com ênfase em Ensino do Teatro, Iniciação Teatral e Interpretação Teatral.
Ao longo da história, o tempo tem conhecido diferentes conceções quanto à sua natureza, ao seu movimento e aos modos de experiência. Na tradição ocidental, herdada da antiguidade grega e consolidada pelo cristianismo e pela modernidade, tem prevalecido uma conceção linear e progressiva do tempo. Concebido como um movimento entre um início e um fim, orientado por um sentido — a salvação no cristianismo, o progresso na modernidade —, o tempo desenvolve-se historicamente, inscrito numa narrativa que tende a expressar os progressos da ação humana sobre o mundo e a natureza. O pensamento oriental, por sua vez, associa o tempo à ordem cíclica que rege o movimento da natureza e da vida humana. Concebido como fluxo contínuo, e não como linearidade e progresso, o tempo constitui-se como uma temporalidade inseparável de uma cosmologia em que o ser humano não é o centro, mas parte integrante do tecido natural. O tempo não corre para um fim; tece-se no entre das coisas, no crescimento e no desabrochar lento do que está em potência. Este particular modo de conceber o tempo influenciou profundamente não apenas a arte e a filosofia orientais, mas também o pensamento e as artes ocidentais que se expandem em práticas que exploram o tempo como tecido vivo — duração, repetição e mudança —, transformando a experiência temporal em gesto poético, ético e político. O tempo vivido — distinto do tempo cronológico ou mensurável —desenrola-se de forma quase impercetível nas variações mínimas do quotidiano. É o tempo em que estamos imersos, mas que raramente sentimos: o tempo como substância da existência e, simultaneamente, como o seu invisível. A arte e a filosofia partilham o gesto de tornar sensível o que habitualmente permanece oculto na experiência comum. Filósofos como Bergson, Jullien e Gil, a par de artistas como Pina Bausch ou John Cage, mostram-nos que experienciar o tempo vivido pode significar não limitar a observação do real aos seus elementos visíveis, mas abrir-se à perceção do invisível que os envolve, atravessa e move. Trata-se de uma experiência de ver que transforma o quotidiano de um lugar-tempo conhecido e previsível num campo de experimentação aberto à diferença, à observação dos pequenos acontecimentos que emergem nas dobras do tempo vivido e que levam o real a dilatar-se, a multiplicar-se, a divergir de si próprio. Na contemporaneidade tecnológica, marcada pela sucessão incessante de estímulos e pela fragmentação do tempo em instantes orientados para o desempenho, recuperar o tempo como experiência a habitar torna-se uma escolha ética e estética. Esta secção da RED reúne seis artigos que exploram o tempo vivido como uma zona de suspensão, na qual a escuta surge, ainda, como resistência sensível à lógica da aceleração e como um modo de habitar mundos menores, que a propensão contemporânea para a velocidade e a visibilidade imediata tende a marginalizar.
Referências
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