Saltar para menu de navegação principal Saltar para conteúdo principal Saltar para rodapé do site

Artigos originais

Vol. 2 N.º 1 (2024): Revista Estud(i)os de Dança 3

O arquivo como ressurgimento: Notas para uma estética globular

DOI
https://doi.org/10.53072/RED202401/00209
Publicado
11.06.2024

Resumo

Partindo da relação contemporânea entre arquivo e dança é traçado um percurso que identifica e explicita dois modos de arquivamento – o estático e o performativo – para sugerir a inclusão de uma outra abordagem: a do arquivo como ressurgimento. O artigo adota um âmbito exploratório, baseado no encontro do autor com o objeto de análise enquanto organizador e participante em eventos arquivísticos centrados em criadores falecidos. Com apoio num quadro teórico não convencional, recorrendo à Teoria de Campo e à Teoria dos Campos Mórficos de Rupert Sheldrake, a ideia defendida é que no espaço de arquivo se ativa um campo espácio-temporal entre os corpos que faz condensar uma vivência de re-presentificação da pessoa ausente. Entre os participantes abrem-se memórias, ressoam estados afetivos, surgem ideias que se contaminam e que se disseminam para além de um espaço-tempo linear. Os artefactos e dispositivos de arquivo servem, assim, de fundo hologramático, proporcionando uma experiência estética globular, ou seja, assente em reflexos da existência, através da qual se reconstrói um todo outrora vivido. Este modo de arquivo – narrativo, energético e sincronístico – recria a função vibrátil do corpo que dança transformando-a em arte, superando assim a sua (temida) efemeridade primária.

Referências

  1. Abram, D. (2007). A magia do sensível. Fundação Calouste Gulbenkian.
  2. André, J. (2016). Jogo, corpo e teatro. Angelus Novus.
  3. André, J. (2021). Elements for an ontology of theatre. Filosofia, (66), 173-191. https://doi.org/10.13135/2704-8195/6301
  4. André, J. (2022). A força da palavra. No princípio era o verbo? No princípio era a energia!, Biblos., 8, 29-59. https://doi.org/10.14195/0870-4112_3-8_2
  5. Barba, E. (1994). La canoa de papel tratado de antropologia teatral. Catalogos Editora.
  6. Bartal, L., & Ne’eman, N. (1999). The metaphoric body. Jessica Kingsley Publishers.
  7. Bauman, Z. (1999). Globalização – as consequências humanas. Zahar Editor.
  8. Benjamin, W. (1992). Teses sobre a filosofia da história. In W. Benjamin (Org.), Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política (pp. 157-170). Relógio d ’Água Editores.
  9. Bíblia A.T. (1995). O Vale dos Ossos Secos, Ezequiel, Cap. 37. Cia. Melhoramentos.
  10. Böhme, G. (1995). Atmosphäre: Essays zur neuen Ästhetik. Suhrkamp.
  11. Bollas, C. (1992). A sombra do objeto: Psicanálise do conhecimento não pensado. Imago Editora.
  12. Catroga, F. (2001). Memória, história e historiografia. Quarteto.
  13. Coreia. (2023). Para o Gil. Coreia, 8, Série II.
  14. Deleuze, G. (1985). Nietzsche. Edições 70.
  15. Derrida, J. (2008). Archive fever: A freudian impression. Chicago University Press.
  16. Dufrenne, M. (1976). Esthétique et Philosophie, Tome 1. Éditions Klincksieck.
  17. Fischer-Lichte, E. (2004). The transformative power of performance. Routledge.
  18. Foucault, M. (2005). A arqueologia do saber. Almedina.
  19. Goodman, N. (1976). Languages of art: An approach to a theory of symbols. Hackett Pub. Co.
  20. Griffero, T. (2016). Atmospheres: Aesthetics of emotional spaces. Routledge.
  21. Gumbrecht, H-U. (2014). A produção de presença - o que o sentido não consegue transmitir. Editora PUC Rio.
  22. Keersmaeker, A. (1995). Contagion entre danse et musique. In H. Greef, M. van Kerkhoven, & P. Serwe (Eds.), Theaterschrift no. 9 Théâtre et Musique (pp. 206-232). Kaaitheater.
  23. Kuniichi, U. (2012). A Gênese de um corpo desconhecido. n-1 edições.
  24. Lepecki, A. (2010). The body as archive: Will to re-enact and the afterlives of dances. Dance Research Journal, 42(2), 28-48. https://doi.org/10.1017/S0149767700001029
  25. Lepecki, A. (2012). Introduction/Dance as a practice of contemporaneity. In A. Lepecki (Ed.), Dance (pp. 14-23). Whitechapel Gallery.
  26. Louppe, L. (1991). Les imperfections du papier. In L. Louppe.(Org.), Danses tracées. Dessins et notations des chorégraphes (pp. 9-33). Ed. Dis Voir.
  27. Madeira, C., Oliveira, F., & Marçal, H. (2019). Arquivos, cativações, reativações. In C. Madeira, F. Oliveira, & H. Marçal (Coord.). Práticas de arquivo em Artes Performativas (pp. 7-13). Imprensa da Universidade de Coimbra. https://doi.org/10.14195/978-989-26-1954-5
  28. Markava, I. (2021). Território entre: A dança no espaço expositivo. [Tese de Doutoramento em Arte Contemporânea], Colégio das Artes, Universidade de Coimbra.
  29. Merleau-Ponty, M. (1981). Phénoménologie de la perception. Gallimard.
  30. Metz, C. (1986). O significante imaginário. Livros Horizonte.
  31. Morin, E. (1986). O método - 3. O conhecimento do conhecimento/1. Publicações Europa-América.
  32. Moustakas, C. (1994). Phenomenological research methods. Sage Publications.
  33. Neri, C. (1999). Manual de psicanálise de grupo. Imago.
  34. Pais, A. (2018). Ritmos afectivos nas Artes Performativas. Edições Colibri.
  35. Parasita. (2023, novembro 28). Dança Não Dança. https://parasita.eu
  36. Pereira, M. B. (1993). Narração e transcendência. Humanitas, 45, 393-476.
  37. Phelan, P. (1993). Unmarked: The politics of performance. Routledge.
  38. PodiumKunst.net (2023, outubro 15). Talking with the dead - what an archive can do, should do and must do. https://podiumkunst.net
  39. PoetryVerse (2023, novembro 28). Four Quartets 1: Burnt Norton, by T. S. Elliot. https://www.poetryverse.com/ts-eliot-poems/four-quartets-burnt-norton
  40. Premiere (2023, setembro 30). Premiere - Performing arts in a new era: AI and XR tools for better understanding, preservation, enjoyment, and accessibility (HORIZON-CL2-2021-HERITAGE-01 - HORIZON Research and Innovation Actions). https://premiere-project.eu
  41. RDZ — Radiodifusão Zonofone. (2023, novembro 5). Perfil dum Artista — FRANCIS Falando com IGREJAS CAEIRO (15-11-1955, Rádio Clube Português). [Video]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=kiKihV-n9Gk
  42. Ricoeur, P. (1985). Temps et récit III. Le temps raconté. Seuil.
  43. Rosa, H. (2018). Résonance. Une sociologie de la relation au monde. La Découverte.
  44. Roubaud, L. (2023). Francis Graça: Dança, Esplendor e Sombra. Exposição do Museu Nacional do Teatro e da Dança. Galerias exposições, Teatro Municipal Joaquim Benite. https://ctalmada.pt/francis-graca-danca-esplendor-e-sombras/
  45. Santos, E. (2023). Corpo e Espaço – Uma leitura dinamológica da dança contemporânea em espaços não convencionais. [Tese de Doutoramento em Arte Contemporânea], Colégio das Artes, Universidade de Coimbra.
  46. Serban, A., & Ferchedau, S. (2020). 24 Arguments early encounters in romanian neo-avant-garde 1969-1971. Institute of the Present.
  47. Sheldrake, R. (1994). The presence of the Past. HarperCollins Publishers.
  48. Taylor, D. (2003). The Archive and the repertoire: Performing cultural memory in the americas. Duke University Press.
  49. Terpsicore. (2023, maio 20). Terpsicore – Dance and performative arts database. https://terpsicore.fmh.ulisboa.pt/#/
  50. Verschaffel, B. (1995). Là où il y a une voix, il ya a un corps. In H. Greef, M. van Kerkhoven, & P. Serwe (Eds.), Theaterschrift no. 9 Théâtre et Musique (pp. 36-57). Kaaitheater.
  51. Wal, J., & Bie, G. (2005). Highlights of a phenomenological embryology. Principles of a prenatal psychologie. https://www.embryo.nl/en/highlights-of-a-phenomenological-embryology-2005-en/
  52. Winnicott, D. (1980). Playind and reality. Tavistock.
  53. Yontef, G. (2003). Proceso y dialogo en Gestalt. Cuatro Vientos Editorial.