Partindo da relação contemporânea entre arquivo e dança é traçado um percurso que identifica e explicita dois modos de arquivamento – o estático e o performativo – para sugerir a inclusão de uma outra abordagem: a do arquivo como ressurgimento. O artigo adota um âmbito exploratório, baseado no encontro do autor com o objeto de análise enquanto organizador e participante em eventos arquivísticos centrados em criadores falecidos. Com apoio num quadro teórico não convencional, recorrendo à Teoria de Campo e à Teoria dos Campos Mórficos de Rupert Sheldrake, a ideia defendida é que no espaço de arquivo se ativa um campo espácio-temporal entre os corpos que faz condensar uma vivência de re-presentificação da pessoa ausente. Entre os participantes abrem-se memórias, ressoam estados afetivos, surgem ideias que se contaminam e que se disseminam para além de um espaço-tempo linear. Os artefactos e dispositivos de arquivo servem, assim, de fundo hologramático, proporcionando uma experiência estética globular, ou seja, assente em reflexos da existência, através da qual se reconstrói um todo outrora vivido. Este modo de arquivo – narrativo, energético e sincronístico – recria a função vibrátil do corpo que dança transformando-a em arte, superando assim a sua (temida) efemeridade primária.