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Dossiê temático: Tempo-vida e criação

Vol. 3 N.º 2 (2025): Revista Estud(i)os de Dança 6

Que PENA! Eras tão bonita: De um balé possível para a vida e para a cena

DOI
https://doi.org/10.53072/RED202502/00204

Resumo

Pena é um dos resultados de uma investigação de pós-doutoramento desenvolvida na FMH, ULisboa. Este estudo, intitulado Balé Possível, propõe práticas de improvisação a partir dos princípios de movimento e da estrutura de uma aula de ballet, onde cada indivíduo pode-se aproximar desta técnica a partir das suas próprias possibilidades e interesses, através da tradução, adaptação e reinvenção de movimentos. O ensaio resulta da relação com a técnica do ballet ao longo de um percurso enquanto artista de dança, que inclui estudos na School of American Ballet e na Joffrey Ballet School, bem como, uma carreira profissional em companhias de grande prestígio, como o Berlin Opera Ballet e o Pennsylvannia Ballet, todas promotoras de uma estética centrada nas habilidades de dança (Albright, 1997). Além disso, estabelecem-se relações com os Estudos da Deficiência a partir da vivência de um Acidente Vascular Cerebral, o que implicou uma revisão de valores e perceções relativos à dança e à participação em projetos cénicos com elencos mistos, compostos por pessoas com e sem deficiência. O aprofundamento dos procedimentos do Balé Possível, tanto para práticas de ensino desta técnica como enquanto dispositivo de criação, oferece contributos significativos para os Estudos da Deficiência, bem como para as possibilidades poéticas desta proposta, que encontra na prática como pesquisa, o seu viés metodológico adequado. O processo de criação da proposta cénica Pena, — recorte escolhido para este texto — coloca em prática o exercício de pensar o espaço cénico enquanto lugar de proposições (Teixeira, 2011). Atende, ainda, ao apelo de vários autores para a necessidade de inovação estética no ballet e contribui para confrontarmos os significados simbólicos e ideológicos atribuídos ao corpo deficiente na nossa cultura (Albright, 2001). Pela sua relação com obras consagradas do repertório do ballet, enquadra-se naquilo que Midgelow (2007) designa por reworking.

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