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Chamada de artigos para secção temática: “Dança e Ecologia"

A RED – Revista Estud(i)os de Dança tem o prazer de convidá-los a submeter seus artigos para a secção temática "Dança e Ecologia".

Editor Convidado: Daniel Tércio (Faculdade de Motricidade Humana, Universidade de Lisboa / INET-md, Polo FMH)

 

"Dança e Ecologia"

A questão dos equilíbrios ambientais e da consciência ecológica têm permeado e progressivamente crescido no campo da criação contemporânea em dança. Obras como Antropocenas (2017), de Rita Natálio e João dos Santos Martins, All you need is plankton (2020) de Vera Mantero, e Bom Anfirião (2022) de Filipa Francisco sinalizam, entre outras, uma preocupação relativamente aos equilíbrios ambientais e uma denúncia dos desequilíbrios decorrentes dos modos de vida atuais e do extrativismo. Perante a atual emergência climática muitos/as criadores encontram as motivações e os materiais cénicos e de composição para pensar e agir ecologicamente no mundo. Essa ação acontece no quadro de uma cidadania responsável e de uma ética em consonância com a recuperação de relações saudáveis com o planeta e com todos os que nele moram.

Parafraseando Timothy Morton (2021) “all art is ecological”. A dança, enquanto modo enérgico que convoca o corpo e o movimento, está especialmente dotada para sublinhar a sua própria essência ecológica, desde logo porque combina de maneira inextricável a natureza e a cultura. Também na dança coexistem as três ecologias enunciadas por Félix Guattari (1989): a do ambiente, a das relações sociais e a da subjetividade humana. Segundo aquele filósofo e psicanalista impõe-se uma revolução que não se deve restringir às relações de forças de grande escala (como por exemplo a questão das emissões de C02), mas que deve alcançar os domínios moleculares da sensibilidade, da inteligência e do desejo.

Institucionalmente a questão dos equilíbrios ambientais tem sido matéria de uma reflexão profunda acompanhada pela divulgação de instrumentos legais e recomendações. A agência nacional DGArtes, por exemplo, afirma que “a preservação ambiental e mitigação dos efeitos das alterações climáticas são prioridades estratégicas na nossa ação junto dos agentes artísticos e públicos com os quais nos relacionamos” (DGARTES, 2024), partilhando recursos, ferramentas e informação relacionados com a sustentabilidade ambiental e boas práticas para o sector artístico.

Também aos artistas se colocam constantemente desafios sobre a latitude e os impactos dos seus projetos criativos. Assim, por exemplo, o coreógrafo francês Jérôme Bell decidiu, desde 2019, não viajar de avião com a sua companhia. Trata-se pois de uma nova ética que inclusivamente pode fazer deslizar o espectáculo de dança para novos-velhos palcos, como são as clareiras dos bosques, as grutas, os lagos, as árvores, etc.

Na sequência do exposto, este call pretende contribuir para o cruzamento da dança com a ecologia, numa perspetiva social, cultural, ritual, terapêutica e educativa. As propostas podem corresponder à área dos estudos de dança ou das ciências sociais. Podem ser estudos de caso, ensaios empíricos ou estudos de cariz hermenêutico e filosófico. São também bem-vindos relatos de propostas artísticas e narrativas pessoais, tanto como pesquisa orientada pela prática quanto como prática orientada pela pesquisa.

Tópicos sugeridos:

  • Antropoceno e práticas de dança
  • Ética, consciencialização ecológica e procedimentos para cuidar
  • Dançar com os rios, dançar com os lobos: modos de ancestralidade
  • Danças e sonhos indígenas
  • Biodiversidade e restauração do selvagem
  • Fim do humanismo e Ecologia profunda
  • Dança, religião e proteção da ecosfera
  • Possibilidades ecológicas de vida nas cidades
  • Caminhar como criação coreográfica e prática ambientalista

 

Referências bibliográficas
DGARTES - Direção-geral das Artes. (2024). Sustentabilidade nas artes. Ministério da Cultura da República Portuguesa. https://www.dgartes.gov.pt/pt/destaque/4948
Guattari, F. (1989). Les trois écologies. Éditions Galilée. 
Morton, T. (2021). All Art is Ecological. Penguin Books.

 

Data-limite de envio do artigo: 15 outubro 2024 (extensão até 31 outubro)
Previsão da Publicação: primavera de 2025

Submissão: O artigo deve ser elaborado segundo as normas de submissão e ser submetido diretamente no site da revista através da plataforma OJS, onde deverá selecionar a secção “dossiê temático”.

A RED assegura a revisão cega por pares, sendo que a exigência editorial obriga a que a publicação do artigo submetido apenas seja garantida após a conclusão com sucesso do processo de avaliação e revisão.