Saltar para menu de navegação principal Saltar para conteúdo principal Saltar para rodapé do site

Dossiê Temático: Da diversidade da dança teatral em Portugal

Vol. 2 N.º 2 (2024): Revista Estud(i)os de Dança 4

Do lugar que nos dança ao lugar que nos faz dançar: Poéticas de emancipação em Portugal

DOI
https://doi.org/10.53072/RED202402/00203

Resumo

Tendo por base a experiência crítica da performance Nome de filme, de Bibi Dória, particularmente sobre duas das suas apresentações – no programa Interferências, em 2021, e no ciclo Cartografias, em 2023 –, este artigo começa por identificar a presença crescente de um conjunto de artistas migrantes cujo trabalho se tem manifestado de forma marginal ao encadeamento histórico da dança contemporânea em Portugal. Nesse sentido, desenvolvo a noção de geodança para me referir às forças canónicas que procuram estabelecer relações de causa-efeito entre as práticas artísticas e o legado sociocultural do território onde estas estão implantadas; reconhecendo, através do levantamento dos estudos existentes, os contornos específicos do panorama nacional.

É a partir deste confronto crítico que reforço a ideia do surgimento de uma prática nómada – para a definição da qual recorro ao pensamento de Rosi Braidotti – e que tem vindo a ocupar um espaço de contramemória e resistência aos processos de sedimentação epistemológica de uma possível genealogia da dança em Portugal. Neste contexto, abordo a relevância do posicionamento político em torno de questões emergentes e do carácter interdisciplinar das propostas apresentadas, sublinhando a necessidade de encarar a criação contemporânea a partir de uma perspetiva transversal ao estudo das artes performativas.

O olhar que conduz a minha escrita é o de um espectador implicado, designadamente sobre a performance de Bibi Dória, tentando, desse modo, situar o lugar a partir do qual avisto as coisas. Não só para poder oferecer-me enquanto correspondente desse mesmo movimento primordial da errância, mas também para deixar em aberto outras possibilidades de escuta e sensibilidades cognitivas sobre estas poéticas de emancipação territorial.

Referências

  1. Braidotti, R. (2011). Nomadic theory: The portable Rosi Braidotti. Columbia University Press.
  2. Bryson, N. (1997). Cultural studies and dance history. In J. C. Desmond (Ed.), Meaning in motion: New cultural studies of dance (pp. 55–77). Duke University Press.
  3. Burt, R. (2009). The specter of interdisciplinarity. Dance Research Journal, 41(1), 3–22. https://doi.org/10.1017/S0149767700000504
  4. Crow, T. (1996). Modern art in the common culture. Yale University Press.
  5. Deleuze, G., & Guattari, F. (2007). Mil planaltos: Capitalismo e esquizofrenia 2 (R. Godinho, Trans.). Assírio & Alvim.
  6. Desmond, J. C. (1997). Embodying difference: Issues in dance and cultural studies. In J. C. Desmond (Ed.), Meaning in motion: New cultural studies of dance (pp. 29–54). Duke University Press.
  7. Dória, B. (2024). Ensaio sobre o Nome de um Filme. Coreia, 10(Série II), 12.
  8. Fazenda, M. J. (2020). Do desenvolvimento da dança teatral em Portugal no pós-25 de abril de 1974: Circunstâncias, representações, encontros. Revista Internacional de Língua Portuguesa, 38, 101–127.
  9. Fazenda, M. J. (Ed.). (1997). Movimentos presentes: Aspectos da dança independente em Portugal. Cotovia.
  10. Festival de apoio à criação da companhia Olga Roriz. (2021). Open call interferências 2021. https://interferenciascor.com/edicao-2021/
  11. Forum Dança. (2024). Cartografias #5. https://www.forumdanca.pt/cartografias-5/
  12. Ingold, T. (2015). Being alive: Essays on movement, knowledge and description. Routledge.
  13. Latour, B. (2004). Why has critique run out of steam? From matters of fact to matters of concern. Critical Inquiry, 30(2), 225–248. https://doi.org/10.1086/421123
  14. Lepecki, A. (2023). Esgotar a dança: A performance e a política do movimento. Edições do Saguão.
  15. Mattingly, K. (2023). Shaping dance canons: Criticism, aesthetics, and equity. University Press of Florida.
  16. Museu de Arte Contemporânea MAC/CCB. (2024, junho). João Fiadeiro. Instrospectiva. https://www.ccb.pt/evento/joao-fiadeiro-introspectiva/2024-05-21/, consultado a 6 de Junho de 2024
  17. Parasita. (2024, maio). Para uma Timeline a Haver. https://parasita.eu/projecto/para-uma-timeline-a-haver-genealogias-da-danca-enquanto-pratica-artistica-em-portugal/
  18. Ribeiro, A. P. (1994). Dança temporariamente contemporânea. Veja.
  19. Ribeiro, A. P. (1991). Vinte anos de Ballet Gulbenkian e a nova dança portuguesa. In J. Sasportes & A. P. Ribeiro (Eds.), História da dança (pp. 55–95). Comissariado para a Europália 91 – Portugal. Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
  20. Sasportes, J. (1970). História da dança em Portugal. Fundação Calouste Gulbenkian.
  21. Sasportes, J., & Ribeiro, A. P. (1991). História da dança. Comissariado para a Europália 91 – Portugal. Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
  22. Tanzmesse. (2024, junho). Bruno Brandolino & Bibi Dória. https://www.tanzmesse.com/en/programme/2024/Bruno-Brandolino-Bibi-Daeoria-LA-BURLA/
  23. Vicente, G. (Ed.). (2017). Intensified bodies: From the performing arts in Portugal (J. Gil, Preface; M. Greer, Trans.). Peter Lang.