Doutorada em estudos artísticos pela Middlesex University (Londres) e licenciada pela Escola Superior de Dança de Lisboa. É autora de mais de 20 artigos científicos e de cultura e três livros: 70 críticas de dança (Caleidoscópio 2020) - escritas para o Jornal Público; Dançar é Crescer – Aldara Bizarro e o Projeto Respira (2012); e NuKreBaiNaBuOnda (Alkantara, 2010). Dirigiu o projecto Dansul – dança para a comunidade no sudeste alentejano (2008-2015). Foi Directora Geral das Artes (Ministério da Cultura-2016-2018) e desde 2019 é investigadora do Instituto de História da Arte e Professora no Mestrado em Artes Cénicas (FCSH/NOVA). Dirige desde 2020 a Companhia Maior. Em 2023 começou a ensinar no Instituto Politécnico de Lisboa - licenciaturas de Dança e Teatro.
O corpo bailarino e profissional com deficiência é um dos agentes que assegura a diversidade na dança em Portugal. O discurso teórico sobre dança e deficiência tem dado nota da força política dos corpos e das obras que abordam a diferença pela deficiência física ou intelectual, destacando o seu papel em desmontar uma construção cultural que estigmatiza as pessoas na sociedade. Contudo, na dança teatral o corpo convencional é construído sob ideais de perfeição que refletem um poder hegemónico nas artes e nas classes privilegiadas, que se tem revelado preconceituoso e exclusivo. Recorrendo a diversos trabalhos de referência nos estudos da performance, que se debruçam sobre práticas teatrais e, em particular, da dança, procura-se neste texto um encontro afetivo e, também, analítico com as bailarinas Mickaella Dantas e Diana Niepce. Por um lado, desejo dar a ver a qualidade da sua performance e dos seus discursos, onde a deficiência é superada sem ser neutralizada ou “espetacularizada”, procurando perceber o seu contributo para as linguagens, os processos e as temáticas da dança contemporânea. Por outro lado, pretendo enquadrar as suas práticas coreográficas no discurso académico sobre performance e deficiência.
Adshead-Lansdale, J. (1994). Dance Analysis in Performance. Dance Research: The Journal of the Society for Dance Research, 12(2), 15–20. https://doi.org/10.2307/1290988
Adshead-Lansdale, J. (Ed.). (2008). Decentring dancing texts: The challenge of interpreting dances. Palgrave Macmillan.
Albright, A. C. (1997). Choreographing difference: The body and identity in contemporary dance. Wesleyan University Press.
Companhia Clara Andermatt. (2020, dezembro 9). A Educação da Desordem - projeto em mutação (2018) – teaser [Video]. Canal Vimeo. https://vimeo.com/488956017
Dantas, M. (2021). Composing a physicality: How dance shaped this artist’s relationship to her prosthesis, opening up a new range of movement. Dance Magazine, 95(5), 38–43. https://www.dancemagazine.com/dancing-with-a-prosthesis/
Niepce, D. (2021). Anda, Diana. Teatro Praga / Sistema Solar.
Julidans. (2023, maio 3). Diana Niepce - The Other Side of Dance [Video]. Canal Vimeo. https://vimeo.com/823288055
Owen, S. (2005). Shifting Apollo’s frame: Challenging the body aesthetic in theater dance. In C. Sandahl & P. Auslander (Eds.), Bodies in Commotion: Disability and Performance (pp. 73–85). University of Michigan Press. http://www.jstor.org/stable/10.3998/mpub.92455.11
Sandahl, C., & Auslander, P. (2005). Bodies in commotion: Disability and performance. Ann Arbor: University of Michigan Press. https://doi.org/10.3998/mpub.92455
Santos, E. (1997). Arquipélagos—Uma viagem pelo trabalho de João Fiadeiro. In M. J. Fazenda (Ed.), Movimentos presentes—Aspectos da dança independente em Portugal (pp. 41–46). Livros Cotovia / Danças na Cidade.
Siegel, M. B. (2010). Bridging the critical distance. In A. Carter & J. O’Shea (Eds.), The Routledge dance studies reader (2nd ed, pp. 188–196). Routledge.
Varanda, P. (2020). 70 Críticas de dança. Caleidoscópio.
Whatley, S. (2007). Dance and disability: The dancer, the viewer and the presumption of difference. Research in Dance Education, 8(1), 5–25. https://doi.org/10.1080/14647890701272639