O artigo centra-se no interesse do debate sobre a dança como estratégia fabulatória, com o objetivo de provocar rupturas do encarceramento enquanto medida punitiva, interseccionando enfrentamentos, questionamentos e reflexões sobre as políticas públicas de um sistema marcado pela decadência. Para tal, mobilizamos projeções pessoais e coletivas ao estabelecer um lugar de escuta e reconhecimento das histórias, com vista à construção de possibilidades de vida no pós-cárcere. A pesquisa in loco decorreu numa penitenciária paulista. Na elaboração do texto, articulámos a abordagem da escuta proposta nos estudos do Corpo sem Vontade da investigadora e coreógrafa Helena Bastos (2017), conceitos em dança a partir das pesquisas do teórico e crítico de dança André Lepecki (2012, 2017). Outra base conceptual provém das análises ao sistema punitivo da investigadora feminista norte-americana Angela Davis (2018) e das conceptualizações sobre o encarceramento na América Latina, a partir dos estudos do jurista Eugenio Raúl Zaffaroni (2024), articulados com os trabalhos da artista e autora Jota Mombaça (2021). Para ilustrar o texto, apresentamos uma das ações desenvolvidas dentro da unidade prisional onde as práticas fabulatórias foram conduzidas.