Saltar para menu de navegação principal Saltar para conteúdo principal Saltar para rodapé do site

Dossiê temático: Tempo-vida e criação

Vol. 3 N.º 2 (2025): Revista Estud(i)os de Dança 6

Zona Cinzenta: do tempo do evento ao tempo de visitação e as implicações no espectador acinzentado

DOI
https://doi.org/10.53072/RED202502/00203

Resumo

As reflexões propostas neste artigo advêm do interesse em investigar as relações entre os processos de criação em dança, as escolhas estético-dramatúrgicas e o papel do público em obras fora da caixa preta, com a sua relação direta na percepção do tempo nas artes, a partir das experiências junto à T.F. Cia de Dança. Uma das hipóteses considera a possibilidade de que trabalhos fora da caixa preta, numa zona cinzenta, oferecem ao espectador a opção de escolha e interação com a obra, assemelhando-se ao cubo branco, mas mantendo ainda a característica de obra cénica. O multiperspetivismo, a temporalidade, a simultaneidade das ações e a relação com dispositivos móveis são alguns dos aspetos elencados pela autora Claire Bishop (2018) como características de obras e artistas que se situam nesta zona cinzenta, experiências que foram estudadas e aplicadas na prática por meio de três residências artísticas realizadas pelo núcleo artístico na cidade de São Paulo. Para Claire Bishop, a migração das artes performativas para o espaço do museu traz consigo uma série de efeitos, entre os quais se destaca a retemporalização da performance, do “tempo do evento” ao “tempo da exposição”. Este agrupamento de ações produz situações que precisam de mais visibilidade para serem discutidas com propriedade, e a intenção aqui é olhar com mais atenção para trabalhos que escapem à lógica tradicional da caixa preta, convocando uma outra postura por parte do público, forjando um espectador acinzentado.

Referências

  1. Bishop, C. (2010). Installation art: A critical history. Tate.
  2. Bishop, C. (2011, December 10). Unhappy days in the art world?: De-skilling theater, re-skilling performance. The Brooklyn Rail: Critical Perspectives on Arts, Politics and Culture. https://brooklynrail.org/2011/12/art/unhappy-days-in-the-art-worldde-skilling-theater-re-skilling-performance/
  3. Bishop, C. (2012). Artificial hells: Participatory art and the politics of spectatorship. Verso.
  4. Bishop, C. (2018). Black box, white cube, gray zone: Dance exhibitions and audience attention. TDR/The Drama Review, 62(2), 22–42. https://doi.org/10.1162/DRAM_a_00746
  5. Brannigan, E., & Mathews, H. (2017). Performance, choreography, and the gallery: Materiality, attention, agency, sensation, and instability. Performance Paradigm, 13, 1-6.
  6. Cavrell, H. (2019). Direcionando a expectativa: O risco da expectativa na experiência artística. Anais ABRACE, 20(1), 1-14.
  7. Consejería de Cultura Madrid. (2022, 20 de abril). A escala humana. La Ribot. Una exposición en la Sala Alcalá 31 [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=UXWXf9iPPBo
  8. Esposito, R. (2004). Bíos: Biopolitica e filosofia. Einaudi.
  9. Esposito, R., Welch, R. N., & Lemm, V. (2012). Terms of the political: Community, immunity, biopolitics. Fordham University Press. https://doi.org/10.5422/fordham/9780823242641.001.0001
  10. Gatti, D. (2010). O corpo através da máscara neutra e os instantes poéticos. Revista Moringa: Artes do espetáculo, 1(2), 69-76. https://periodicos.ufpb.br/index.php/moringa/article/view/7539
  11. Lorenzini, M. J. C. (2018). La práctica como investigación: nuevas metodologías para la academia latinoamericana. Revista Poiésis, 14(21-22), 71-86. https://doi.org/10.22409/poiesis.1421-22.71-86
  12. Midgelow, V. L. (2018). Improvisação em dança como pesquisa: Processos de saber líquidos e devir à linguagem. In A. Teixeira, E. Santos, & R. Hercoles (Orgs.), ANDA: 10 anos de pesquisas em dança (pp. 137–157). Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Dança (ANDA). https://portalanda.org.br/wp-content/uploads/2020/02/livro-anda-10-anos_vers%C3%A3o-final-24-setembro-2018-1.pdf
  13. Nelson, R. (2013). Introduction: The what, where, when and why of ‘practice as research’. In R. Nelson (Ed.), Practice as research in the arts: Principles, protocols, pedagogies, resistances (pp. 3–22). Palgrave Macmillan. https://raggeduniversity.co.uk/wp-content/uploads/2025/03/1_x_Robin-Nelson-Practice-as-Research-in-the-Arts_-Principles-Protocols-Pedagogies-Resistances-Palgrave-Macmillan-2013.pdf
  14. Oliveira, E. D. G. de. (2016). Formas de construir silêncios: Tino Sehgal e as instituições da arte. Anais do XXXVI Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte: Arte em Ação, 197-206. Campinas, SP. https://www.cbha.art.br/coloquios/2016/anais/2016_anais_cbha.pdf
  15. Rancière, J. (2010). O espectador emancipado. Olho Negro.
  16. Seminário Interno Mario Santana. (2020, outubro 7). Topologias do espetáculo: Arte e identidade hoje [Vídeo]. YouTube. https://www.youtube.com/watch?v=UHnvQ0XNVe0
  17. Timberg, S. (2015). Culture crash: The killing of the creative class. Yale University Press.