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Chamada de artigos para secção temática: “Da diversidade da dança teatral em Portugal”

Editora Convidada: Maria José Fazenda (Escola Superior de Dança, Politécnico de Lisboa / CRIA-Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Polo ISCTE)

A Revista Estud(i)os de Dança (RED) lança agora uma secção temática dedicada ao tema: “Da diversidade da dança teatral em Portugal”.

As práticas da dança teatral em Portugal têm sido documentadas em publicações de caráter histórico (Sasportes, 1970, 1991; Ribeiro, 1991, 1994), em livros sobre períodos temporal e politicamente circunscritos (Tércio, 2005, 2010; Ribeiro, 1994), em reflexões no âmbito dos estudos de performance (Lepecki, 1997, 2016), em trabalhos que situam a criação coreográfica em contextos sociocultural e biográfico (Fazenda, 2012 [2007]), em compilações que sublinham a sua especificidade (Vicente, 2017), ou que incidem sobre os modos de fazer de criadores/as ou de estruturas de criação e/ou apresentação, como a recente publicação do Teatro Municipal do Porto (História(s) da Dança, 2023), entre outros estudos. Quer incidam sobre transformações históricas, de longa ou curta duração, quer sobre movimentos artísticos, estéticas e linguagens, perpassa nestes trabalhos, de forma teoricamente explícita ou tacitamente, o reconhecimento da natureza diversificada da dança teatral em Portugal, quer internamente, quer na sua relação com outras geografias, assim como a consideração das circunstâncias políticas e socioculturais que a enformam.

Na atualidade, a realidade da dança teatral em Portugal expande-se significativamente e a diversidade de propostas aumenta. O quadro é formado por pontos multicoloridos, em que se observam os universos particulares de cada artista, as extensões do domínio da dança clássica, a articulação de diversas técnicas corporais e estéticas — do hip hop às mais diversas danças sociais, passando por outras formas de cultura expressiva oriundas dos campos da competição —, a pluralidade de corpos, a inclusão de diversos grupos e pessoas em projetos de cariz participativo. São práticas culturais que nos dão a conhecer uma variedade de visões do mundo, de realidades sociais e culturais, de experiências humanas, de modos de vida. São práticas decorrentes de dinâmicas socioculturais, propiciadas (ou condicionadas) pelo papel das estruturas institucionais, públicas ou privadas, locais ou nacionais, pelas políticas culturais e programações culturais, pela ação de pessoas concretas. Na análise dos fenómenos culturais consideramos, seguindo o antropólogo Vertovec (2015), a interinfluência de três esferas: representações (ideias, valores), condições estruturais (política, estruturas institucionais) e interações sociais (contactos entre pessoas). Ponderar a interligação destes três domínios permite-nos igualmente analisar e compreender a especificidade interna das práticas coreográficas em Portugal e o que elas partilham com outros espaços socioculturais (Fazenda, 2020).

Na sequência do exposto, convidamos à escrita de textos que contribuam para o conhecimento do atual panorama da dança teatral em Portugal, incluindo as práticas em que o propósito, o contexto de ocorrência e os critérios de participação que definem o teatral possam intercetar os de outros campos, como o social, o ritual, o educativo. O âmbito teórico e o metodológico são amplos, abrindo espaço a propostas que podem ser conduzidas por perspetivas dos estudos de dança ou das ciências sociais, focar-se num estudo de caso, com análise etnográfica, combinada com investigação histórica, ou numa abordagem autoetnográfica. 

Tópicos sugeridos:

  • Articulação de práticas, hibridismos e novas linguagens: configurações e contextos;
  • Fluxos transnacionais de práticas, representações, significados e suas interpretações e reconfigurações locais;
  • Projetos participativos: objetivos, interesse e valor para os grupos participantes, para as comunidades, para as equipas de criação;
  • Diversidade de corpos em cena: ações, ideias, experiências;
  • Deslocação para o espaço teatral de danças realizadas primeiramente em outros contextos (social, competição ou outros);
  • Institucionalização académica de técnicas corporais e estéticas criadas e desenvolvidas no campo social;
  • Orientações e políticas institucionais integradoras da diferença: forças e impactos nas programações culturais e nas práticas artísticas.

Submissão: O artigo deve ser elaborado segundo as normas de submissão e ser submetido diretamente no site da revista através da plataforma OJS, onde deverá selecionar a secção “dossiê temático”.

A RED assegura a revisão cega por pares, sendo que a exigência editorial obriga a que a publicação do artigo submetido apenas seja garantida após a conclusão com sucesso do processo de avaliação e revisão.