Neste artigo, pretendemos explorar a diversidade e a pluralidade da dança teatral em Portugal no século XXI, destacando a transformação das linguagens coreográficas que acompanham o desenvolvimento da dança contemporânea. Neste sentido, identificamos três linhas orientadoras para definir a linguagem coreográfica de um criador: o perfil biográfico e os recursos coreográficos; as características dos intérpretes e as configurações coreográficas; e o universo temático e as ideias conceptuais. Através de uma breve análise do percurso do coreógrafo Victor Hugo Pontes, estabelece-se a possibilidade de construção de uma identidade coreográfica distinta, característica das suas obras, contribuindo para o património imaterial da dança em Portugal. O perfil biográfico de Victor Hugo Pontes é determinado pela sua formação multidisciplinar em artes plásticas e teatro, complementada por uma posterior formação em dança. As suas obras coreográficas, caracterizadas pela combinação de recursos da dança, teatro e música, utilizam cenografias complexas, movimentos expressivos e textos adaptados de obras literárias, criando uma linguagem própria, que se afirma como singular e distintiva no panorama da dança contemporânea portuguesa. O intérprete contemporâneo assume um papel central na materialização da coreografia, selecionado pelas suas características e competências, sendo um contributo essencial para o desenvolvimento dos processos criativos. Victor Hugo Pontes elege intérpretes que contribuem para a realidade e os ideais temáticos das suas peças, utilizando grandes grupos heterogéneos e linguagens de movimento distintas. Esta abordagem valoriza a singularidade de cada corpo e a interação entre eles, procurando uma comunicação significativa com o público.